Resenha: Só os animais salvam, de Ceridwen Dovey


Eu não sei o que fazer da minha vida, agora que esse livro acabou. Que experiência linda (e dolorosa) enxergar o mundo pelos olhos puros e sensíveis dos animais! Eu juro - juro mesmo, gente - que não imaginei ficar assim. O livro começa despretensiosamente, mas quando dei por mim, lá estava eu, chorando e querendo abraçar todos os animais do mundo!

Escrito de uma forma ímpar, Só os animais salvam nos apresenta capítulos narrados por animais que já morreram. Como se fossem contos, cada alma de animal descreve sua história de vida e morte com muita sensibilidade e, às vezes, até pequenas doses de humor.


"Continue ávido assim, garoto. Você está no caminho certo. Tenho que concordar com essa sua história de espontaneidade, viver improvisando, inventando os passos conforme anda. É a única forma de suportar essa vida imunda, de transformá-la em algo radiante (....) deixe que os outros vivam acelerados e morram jovens. Você, viva devagar e morra velho."

Uma das coisas que mais deixaram meu coração de leitora feliz, foram as referências a grandes autores. Uma tartaruguinha queria ser bichinho de estimação do Tolstói; um golfinho escrevia para Sylvia Plath e afirmava que Douglas Adams o entendia muito bem... Todos esses nomes importantes deram um brilho ainda maior à obra de Dovey, que – sem sombra de dúvidas  já entrou para a lista de favoritos do ano.


Só os animais salvam este mundo. Foi essa a lição que ficou em mim. É impossível não sentir empatia, tristeza e esperança durante a leitura. Os animais entendem, sabe? Eles entendem a gente. Eles nos sentem. Eles são tão bravos e tão viscerais quanto nós. E só a eles pertence o verdadeiro conhecimento sobre o sentido da vida.

"Minha fidelidade absoluta o agradava. Em todos os encontros a que meu Mestre comparecia, eu me sentava a seus pés sob a mesa e esperava pelo peso amistoso de sua mão em minha cabeça. Certa manhã de fim de outono, prostrei-me a seu lado, junto ao fogo, para ouvir no rádio o pronunciamento de um homem a quem meu Mestre parecia respeitar. O homem anunciou que animais não deveriam mais ser usados como cobaias sem quaisquer limites, nem deveriam ser mortos sem a consideração por nosso sofrimento. Ele disse algo muito bonito. (...) Ouvi um som vindo de meu Mestre. Estava chorando, tocado por aquelas palavras. Lambi suas lágrimas, e isso fez com que caíssem ainda mais."

Eu penso que um bom ser humano é aquele que é bom com os animais. Ceridwen Dovey escreveu um livro que me colocou lado a lado com os animais e me fez enxergá-los ainda mais como seres preciosos. Há algo no olhar dos bichos que só quem se permite, consegue enxergar. É como eu disse no parágrafo acima, eles conhecem o sentido da vida. E nós só deveríamos seguí-los.


A edição da DarkSide Books está muito caprichada e repleta de detalhes que fazem toda a diferença. Só os animais salvam é um dos livros mais lindos que tenho na estante. A única observação que faço é sobre a revisão que deixou passar alguns erros, por isso tirei 0,5 da nota final na minha avaliação, mas acredito que a editora deva corrigir isso nas próximas edições.

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Beijo e até a próxima!
 

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