Resenha | Querubins - A sentença da Espada, de Martha Ricas



Uma guerreira do céu.
Uma dama vitoriana.
Uma guerra invisível.
  
Narrado por Chaya, um anjo querubim, no passado; e Mary Grace, uma dama vitoriana, no presente; Querubins apresenta duas linhas do tempo que, no início, nada tinham em comum, mas com o passar dos capítulos, tudo foi clareando e essas duas personagens estavam mais envolvidas do que eu podia imaginar.

"A justiça é o meu código, é o que sou, é minha razão de existir. Entretanto, não sei mais como fazê-la sem que lágrimas em chamas queimem meus olhos e coração. Porque, sim, eu tenho um, e ele sangra agora mesmo."

A ruiva de língua afiada, Chaya, precisava se disfarçar para entrar numa vila celta e cumprir a missão para qual foi designada. Confiante e persistente, ela se destacou por não fugir à luta mesmo sem compreender o real valor das vidas humanas daquele lugar. Mary Grace, por sua vez, exalava melancolia e fraqueza de espírito por ter que lutar tantas vezes contra visões demoníacas. O péssimo relacionamento com a mãe e a ausência do pai, deixou espaço para que ela se envolvesse com Anton, um rapaz tão inteligente quanto ela, e que aparentava ter boa índole.

"Percebi que não importava. Eu era uma criança ingrata e caprichosa. Cega demais em mim mesma e na minha angústia para servir um bem maior."

Uma missão na terra para destruir demônios... Chaya.
O inferno de conviver consigo mesma... Mary.
Um império maligno sugando almas e vidas... Chaya.
Um mundo de formalidades e uma vida de aparências... Mary.
A certeza da vitória... Chaya.
O medo do fracasso... Mary.

“E ali se iniciou o que seria uma longa jornada de sangue, lágrimas, espadas e descobrimentos.”


"Sempre era um embate entre nós. Não havia como ser diferente. Era como misturar a cor mais reluzente da paleta com o tom mais forte e escuro, é necessário muito trabalho e uma nuance vai lutar até o fim para sobrepujar a outra. E o resultado? Nem sempre o esperado."

Duas mulheres que, de formas diferentes, tiveram que despertar a força interior e enfrentar batalhas dentro e fora delas mesmas.

O cenário é bem construído, a ambientação é impecável, a narrativa é fluida e é notável o trabalho de pesquisa da autora na hora de escrever. E por falar na autora... Que belíssimo vocabulário ela tem! Que riqueza nas palavras! Martha Ricas me ganhou na primeira frase do livro e me encheu de orgulho por ser uma autora brasileira.

Querubins é incrível! Eu senti alegria, questionei, concordei, discordei, chorei, vibrei e me apaixonei. Foi difícil me despedir dos personagens na última página, principalmente da Mary Grace. Eu me vi nela algumas vezes. Cada luta, cada dor e cada conquista dela acabavam sendo minhas também.  Recomendo essa leitura para todos que gostam de fantasia e romances históricos. 
 
Querubins tem algo nas entrelinhas. Algo bom que vai além das palavras. Eu acredito que quando a gente é do bem, as coisas boas nos alcançam de uma forma ou de outra; nos tocam, conversam com a gente e nos proporciona experiências incríveis. Chaya e Mary Grace me inspiraram, e este livro falou comigo de uma forma especial. Tocou meu coração. Agora só falta tocar o seu também. 


“Mal podia acreditar que um sentimento, uma emoção, algo inexplicável e imensurável fosse recair sobre mim por minhas próprias mãos, fruto de nada mais do que minhas ações e escolhas.”

- Quero deixar aqui o meu agradecimento a autora Martha Ricas que, carinhosamente, me escolheu para fazer parte dos Atalaias e me presenteou com este belíssimo livro. Obrigada, Martha, querida! Escreva sempre!

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