Resenha | Em um bosque muito escuro, de Ruth Ware


Nora é uma escritora que mora sozinha, tem uma vida tranquila e passa tempo demais com seus próprios pensamentos. Certo dia, um e-mail convidando-a para a despedida de solteira de Claire — uma amiga dos tempos de escola — abala sua rotina completamente. Estaria tudo bem se Nora e Claire ainda fossem amigas. Mas o intrigante dessa história é que as duas perderam contato há anos depois de um misterioso acontecimento. Diante disso, o que poderia estar por trás desse contato repentino?
"Em um bosque muito escuro havia uma casa muito escura;
E na casa muito escura havia um quarto muito escuro;
E no quarto muito escuro havia um armário muito escuro;
E no armário muito escuro havia um... esqueleto."
Relutante, porém sem uma boa desculpa, Nora aceita o convite e, ao lado da amiga Nina que também recebeu o convite, parte para o local da "festa" - uma casinha no meio do bosque. É nesse ponto que a história sugere começar, mas a autora prolonga tantos acontecimentos e detalha tanto os perfis dos demais convidados, que todo o clima de suspense (tão esperado!) fica perdido no meio do caminho. Melanie, casada e mãe há pouco tempo; Tom, criador de peças de teatro; Nina, médica; Flo, a anfitriã aparentemente problemática; Claire, a que está prestes a casar; e Nora, a escritora reclusa e melancólica.
"Sou uma escritora, sou uma mentirosa profissional. É difícil saber quando parar, sabe? Quando vemos uma lacuna na narrativa, queremos preenchê-la com uma razão, um motivo, uma explicação plausível. E quanto mais me esforço, mais o fatos se dissolvem entre meus dedos."
Com 288 págs, Em um bosque muito escuro só engata depois de 150, e nesse ponto ficamos sabendo que houve um assassinato. Quem morreu? Quem matou? Somente um pessoa tem a resposta, mas ela não consegue lembrar.
"O cérebro não lembra bem. Ele conta histórias. Preenche lacunas e implanta essas fantasias como lembranças. Preciso descobrir os fatos. Mas não sei se estou me lembrando do que aconteceu, ou se é o que eu quero que tenha acontecido."
Seis pessoas em uma casinha no bosque, neve do lado de fora, nenhum sinal de celular e um assassinato. A premissa lembra bastante as obras de Agatha Christe, acredito até que tenha sido uma das inspirações de Ware, mas infelizmente a narrativa lenta impediu a construção de um bom clímax. No geral, eu gostei da história, principalmente do cenário e da ambientação. O problema aqui foi o excesso de cenas dramáticas em detrimento do suspense prometido na sinopse. Ruth Ware foi um pouco além da conta, mas, acredito que para um livro de estreia, ela mostrou que tem potencial para desenvolver tramas melhores. Vamos aguardar os próximos livros — A Mulher na Cabine 10 foi foi lançado recentemente aqui no Brasil pela Editora Rocco.

E quanto ao final: não me surpreendeu, tenho certeza que já vi/li algo parecido por aí. Mas, dadas as circunstâncias, foi um desfecho satisfatório. Em um bosque muito escuro colocou a autora, Ruth Ware, entre os principais nomes do suspense feminino, como Paula Rawkins e Gillian Flynn. E, com os direitos vendidos, o livro será adaptado para o cinema por Reese Whiterspoon.

NOTA: 3,5/5 | SKOOB | COMPRE

Sinopse: A britânica Ruth Ware alcançou as listas dos mais vendidos do The New York Times, USA Today e Los Angeles Times com este surpreendente romance de estreia que chega ao Brasil pela coleção de suspense Luz Negra. Em um bosque muito escuro é narrado por uma escritora reclusa que aceita o convite para a despedida de solteira de uma amiga de escola com a qual não tinha contato há anos. Quarenta e oito horas depois de chegar ao local da festa, uma casa de campo isolada, ela desperta numa cama de hospital, com a devastadora certeza de que alguém está morto. E mais do que tentar lembrar o que aconteceu no fatídico fim de semana, precisa descobrir o que fez. 

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2 Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Me pareceu bem curiosa a história e realmente fiquei pensando na Agatha Christe enquanto fui lendo o post. Mas odeio livros que detalham coisas exageradamente e ficam enrolando, mas depois que engata é bom, né? HAHA O problema é chegar até lá.

    xoxo http://www.sextadimensao.com/

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